Para você
Perdidos no caramelo dos seus olhos,
meus olhos, devaneiam-se.
Atraído pela boca, rosas na primavera,
fico inerte.
O meu corpo te chama. Não reparo,
minhas mãos apertam as suas.
Cada movimento, é fotografado pela minúcia
do tempo.
O ato de registrar o agora, revela
os cabelos ensolarados, com as pontas acesas,
o sorriso no canto dos lábios,
as maças avermelhadas .
O silêncio do encontro dos corpos,
é refletido, pelo vai e vem das franjas do mar.
O frescor de sua pele, desapegada do destino,
consome o orvalho que cai, como poeira de estrelas.
O vento,
os poros ouriçam-se, abraçam-te.
Um beija-flor adentra o quadro, observa.
Será que sentiu a vibração ?
Não viu, mas parou entre seu ombro esquerdo
e alguma tangência do Sol que dormia.
Sentiu como iluminava-te ?
Seu calor se difundiu no
meu no seu no nos
so o corpo virou um só.
Os lábios, tocaram, abraçaram, exploraram
a maciez do toque
forte do choque intenso, da pele.
Quando confessou, aos ouvidos, a lua sombreava o mar.
As franjas eram mais límpidas
e sua voz mais macia.
O vento,
os poros ouriçam-se, abraçam-te,
as cortinas, de seda branca, dançam.
Intrépidas escondem o quadro, a luz
se apaga, a lua,
por um instante ,
só resta eu e você.
( Edu Coutinho)
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