sábado, 22 de outubro de 2011

Preciso dizer q te amo

Preciso dizer a você,doce vampiro da madrugada,
por que  revelou a sacada ? 
As palmas das mãos se abriram , os braços se descruzaram e 
ela, passou . De fora pra dentro ou de dentro pra fora ? 
No momento, faz diferença? Só momentos  ficam na vida.
O alento. 
Esquinas , cantos , amores e prantos . 
O presente, murmurou por vida com o último bafo quente do cigarro, 
que em suas mãos se desfaziam . 
Foi atendido e o corpo, todo arrepiado . A vida, 
capciosa , passou pela porta.  A adrenalina 
com que rompeu, todos os cômodos , a fizeram vazar pelos olhos.
Peso aparente. Oprimido. Te amo. 
Apesar de não suportarem o vigor, a deixaram escorregar macia e sozinha. 
Seria esse o frescor da vida? Um sopro. 
Esperei 
pela próxima, não veio. Talvez por isso, não tenha vindo. 
Pra quê esperar ? Pareceu ser um sinal de que fugia. 
Será ? 
Na seqüência  deu sinal e perfurou as palmas das mãos, 
as solas dos pés , fincou-me ao chão com a gravidade do acaso. 
Batiam por todo o corpo, envolvendo-me com magia,
beijos e abraços . Vermelha . 
Um instante. Silêncio . Sabia !! 
Ela cobrou seu preço . Uma taça de sangue quente para beber, 
como um licor de morte, um beijo vermelho de sorte e um adeus para o norte. Precisava dizer que te amo .  

           (Edu Coutinho)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Soneto de Saudade



Só queria estar presente
deitar ao seu lado, sentir seu amor por mais um dia,
borboletas verdejantes,
chama lenta de amor fiquei.

Já encontrava no meio e não sabia que havia começado,
tua fortaleza, a fraqueza das boas qualidades, 
está sob proteção do cheiro de cigarro. 
Círculos de fumaça. As mágoas sufocaram-se. 

Pela vivacidade de sua inteligência,
soltei as rédeas da fantasia e entreguei-me
as abonanças dos seus sorrisos. Asas arrojadas.

Sete flores, sete saudades
cinzas ao vento desenhando os melhores céus,
o adeus, a imponência do coração. Sete chaves !

       ( Edu Coutinho)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

1.

O céu se acanhou atrás de nuvens cinzas; 
por um instante ,
difundiu-se  no vento leve 
umidecendo os amores de Vinícius , 
que dançavam ao som das franjas amarelas, 
que como um espelho,
plageavam o movimento calmo das asas
brancas  que plainavam.  Ali, ausentes.
Os movimentos incolores, borravam o quadro e os 
redemoinhos ilustravam a eminente catástrofe,
com os caminhos de areia que no ar se desenhavam.

Soprou o silêncio.
Aqueles de dar vontade de abraçar.
Novamente elas dançaram,
ansiosas 
sabem que o amor não pode esperar.

A luz, antes cinza, acendeu
o azul intenso do céu
através de seus olhos,
quentes e lânguidos,    
Inundando o silêncio com o esplendor de um arco-íris. 

2.

Suas pegadas, pequenos espelhos d'água,  
personificam seu caminhar iluminado, macio.
As franjas,
observam o seu vai e vem, 
pelas brancas asas que tricotam o ar com 
rasantes cortantes, livres,
cadenciado pelo ritmo de seus quadris.

As estátuas, de areia, desfazem-se,
não resistem ao corpo moreno,
molhado, 
viram súditas,
preferem sentir as solas.
Sabem que o corpo perece na forma.

O calor  de seus passos
dispersa a névoa branca,
com o mesmo rompante que o azul
expulsa o cinza.   

3.

Eis que surge, 
frontal
linda
com dois grandes de criptonita.

As palavras tentam, 
querem ser maiores, exceder as franjas,
querem cantar  seu violão. 
Tontas e hipnotizadas tombam no espaço.

Os olhos sujos de areia,
marejados, por tanta beleza,
ficam inertes. 
Ela passa.
As franjas se agitam, pela última vez, 
querem dançar, olham nos olhos dela, 
ela rejeita, 
enfraquecem-se. Ficam murchas.

4.

As ondas, antes, serenas,
agora apagam minha memória. 
Fervorosamente, 
dissolvem seu rastro 
com  espuma de bocas unidas.
Beijava os pés ou seria a alma ? 

O suplício deixa seus olhos inatingíveis, 
marca a respiração com o contorno inebriante de seu corpo 
que brilha,
que só revela sua metade, 
como se quisesse um duplo,
que vai.

O vento sopra.
As franjas, douram seus cachos.
No vazio, sem eco, 
fica o hiato.
Ficam as lembranças das franjas do mar.

        (Edu Coutinho)